quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Às vezes

Ela não conseguia dormir. Quando se cai a primeira vez nesse abismo não se consegue voltar levemente ao estado anterior. Agora já conhecia algumas formas de lidar com isso. Uma delas é escrever. De vez em quando acontece-lhe. A última vez foi há uma semana atrás. Mas há alturas em que se passam meses em que não acontece. Ela não sabe porquê, mas desconfia.

Este novo mundo começou há quase dois meses. No primeiro dia apaixonou-se logo por quem não devia. Todos os dias pensa nele, trabalha com ele, fala com ele, às vezes cora, outras vezes não, outras vezes observa-o levemente sem ele dar conta. Às vezes sente que é recíproco, outras vezes não. Há impedimentos, mas o impedimento maior é ela.

Ela gosta deste novo mundo, ela gosta de mudanças, mas agora gosta de estar por aqui. Gosta das pessoas, gosta do trabalho, gosta de estar perto da praia. Tem algumas coisas que lhe podem trazer equilíbrio, abafar a ansiedade, dormir bem.

Também vive agarrada ao passado, há imagens muito fortes que de vez em quando lhe vêm à memória. Coisas não começadas, não acabadas. O tempo não é nada, não cura nada, somos nós.

2010 está a acabar, ainda bem. Foi um ano de muitas mudanças e algumas concretizações. Ela sente-se muito afortunada.

São 2h52 da manhã e ela espera adormecer em breve.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Era noite de Natal. Estava sentada no mármore da lareira e olhava para a mesa e continuava a ver nas outras pessoas o Sr. A. Quando as pessoas desaparecem de repente é assim. Foi um Natal triste.
Ela precisava do exercício de escrita e de falar de coisas que sentia, mas que não falava.