sábado, 28 de maio de 2011

perdida-encontrada

Ela dormiu bem esta semana, até bastante bem. Depois de pousar o livro em cima da cama e de desligar a luz da mesa junto à cama, apagava ela também. Andava cansada. Vivia mais e isso tirava-lhe energia, mas dava-lhe sentido à vida. Às vezes, não se lembrava como tinha chegado a casa, andava aluada, distraída, completamente apaixonada. A paixão é como uma droga, não é? Cada vez o amava mais e cada vez procurava mais provas para não o poder amar. Era complicado ou demasiado simples. Haviam sinais mais fortes, mas a dúvida pairava sempre na mente dela, até haverem provas concretas. Ela sabia que se aquilo passasse a ser real, a magia quebrava-se. O encanto do desconhecido desaparecia. Ela acreditava que se tivesse que acontecer, acontecia e aceitava isso. Se não tivesse que acontecer é porque não era suposto acontecer, não estava destinado. Ela acreditava nessas coisas...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

o chamado nectar dos deuses

Ao quarto copo de vinho, ela sentia-se capaz de tudo, capaz de realizar todos os desejos. Porque não? O que é que a impedia? ela. nada.tudo. era capaz de fugir com ele para qualquer lado...sentia-se capaz de tudo...perguntar-lhe: Que fazes amanhã? Vamos até ao festival islâmico de Mértola? Coisas loucas deste género  passavam-lhe pela cabeça. O álcool...tinha que ter cuidado. Controlo da mente. Não fazer somente o que lhe apetecia. Infelizmente, tinha que pensar no amanhã. Apetecia-lhe arriscar tudo ou simplesmente confirmar o já confirmado. [Dois crepes chineses no forno + 5º copo de vinho]. Ela estava a precisar tanto disto...És tão controlado...porquê? [6ºcopo de vinho]

fim de tarde

Ela precisava de se enebriar. Todos os dias aprendia a amá-lo mais. A conhecer os bocadinhos que ele deixava perdidos no ar. Ele não dizia nada, o olhar dizia tudo. Mas também dizia que não podia ser. Ela às vezes esperava que o telefone tocasse. Mas nunca tocava, nem ia tocar. Ela sabia. Mas mesmo assim tinha esperança. A dor de amá-lo consumia-a, o peito ficava apertado. Imaginava, que no último dia que ali estiver lhe sussurraria ao ouvido: "Amei-te todos os dias, desde o primeiro dia que te vi". Sente a face dele, o pescoço, roça neles devagarinho. ela deseja-o muito. Ela já nem disfarça, não vale a pena. Ninguém repara. Ela apesar de não disfarçar, é discreta. Ela às vezes diz parvoíces, às vezes está feliz, ele não diz nada, só observa. Ela gosta de sentir isto, fá-la sentir mais viva, mas ao mesmo tempo...quando é demasiado doloroso foge dele.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A última noite

Foi ao cinema. Soube-lhe bem. Identificou-se um pouco. Gosta de filmes assim, dramas com um cheirinho de romance e muita paixão, sentimentos e emoções à flor da pele. Chorou. Mexeu com ela. Sentiu-se compreendida pelas personagens, pelo argumentista, pelo realizador. Adorou a banda sonora. Ela gostava de bandas sonoras. Adorou cada bocadinho, cada pausa, cada instante, cada suspiro, cada anseio, cada beijo roubado, cada gesto, cada sorriso, cada olhar, o filme tinha tudo na proporção correcta, era genial. Ela gostou muito. Chegou a casa já tarde, tomou um comprimido, fez um chá de cidreira e foi dormir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

day after

os dias em que ela andava assim "fora da realidade" devido à ausência de sono, corriam bem, eram até quase dias felizes, passavam rápido. Hoje ela ficou a fazer mais horas para acabar o projecto que tinha de concluir nos próximos dias. Tentava conjugar tudo. Ela era assim, entregava-se a 200 porcento às coisas que gostava e este trabalho estava-lhe a dar especial prazer. Ficou cansada até à exaustão. Chegou a casa e tomou um banho de água quase fria, soube-lhe maravilhosamente. Estava um calor abafado, calor de trovoada. Depois de tudo feito, pegou nas bolas chinesas e brincou com elas na esperança de desbloquear canais de energia. Abriu os cortinados da sala,estava a trovejar lentamente e de vez em quandoa luz emanava do céu como um flash. Ela gostava de trovoada. Ela precisava de dormir duas noites numa só.O tempo parecia relativo, a temperatura corporal dela aumentava quando não dormia. Sentia-se fora dela, mas estava segura em casa. Era sempre um desafio chegar bem a casa. De vez em qundo vislumbrava a luz que vinha do céu. Em breve iria descansar.

3:13

Já se estava a tornar um hábito...vir escrever aos domingos, ou melhor, madrugada de segunda-feira. Quando está  quase a desmaiar de sono, aparece uma ansiedade que a deixa a tremer dos pés à cabeça. O coração começa a bater desalmadamente. Ela abre a gaveta da mesa de cabeceira e tira metade de um comprimido para a ansiedade e toma-o. Sente logo o efeito placebo, aquele gesto acalma-a. Escrever também a acalma. Ela não sabe de onde vem aquela inquietação de domingo à noite... não tem a ver com o trabalho, pois tem-se sentido bem ali, sente-se em família e gosta. Será que esta inquitação tem a ver com ele? Ela quer esquecê-lo. Na semana passada teve ciúmes. Também teve esperança. Um reboliço de emoções num coração desajeitado. Ela precisava de sentir o amor, de sentir o abraço. Já há muito tempo que não era abraçada daquela forma. Ela precisava de viver a cores, mas ao mesmo tempo para esquecê-lo tinha que viver a preto e branco, gestos automáticos, sem sentir...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

domingo

3 da manhã e ela não conseguia dormir. Hoje foi correr para cansar o corpo. Mesmo assim... Escrevia. Relaxava-a. Era uma forma de despejar pensamentos. Andava inquieta. Precisava de partilhar coisas. Às vezes a solidão pode ser demasiado. Na maioria das vezes vivia bem com isso, já fazia parte há algum tempo. Noutras era quase doloroso. Sentia falta de um abraço apertado que confortasse a alma. Aquele abraço. Sentia falta de se aninhar. Sentia falta de um beijo, ao de leve, no pescoço e nos olhos. Sentia falta de partilhar os momentos. Coisas simples.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Chegou a casa e trazia um vazio com ela e a casa estava vazia. Às vezes apetecia-lhe encontrar alguém em casa que a aconchegasse. Encheu a banheira de sais e espuma, acendeu uma vela, pôs o cd de Portishead e enfiou-se lá dentro na esperança de curar os males da alma.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

mortinha por chegar a casa

Ontem foi mais uma noite de domimgo às voltas. Jantou tarde, mas soube-lhe bem. A seguir tomou um chá de camomila para fazer melhor a digestão e para dormir melhor. Foi para a cama, o cansaço era algum, mas não dormia. Depois de algumas voltas foi fazer um chá de cidreira...Viu um pouco de televisão até começarem as televendas que gostava de ver. Voltou para a cama. Continuou às voltas, levantou-se e foi fazer um chá de tília, na esperança que lhe passasse aquela má-disposição. O chá fez efeito, fê-la vomitar o jantar, duas vezes. Já se começava a sentir melhor. Voltou para a cama, levou o retrato do Louis Armstrong qu andava a fazer há muitos meses, da última vez tinha-a acalmado e chamado o sono. Quase não conseguia abrir os olhos, mas ainda leu uma ou duas páginas do livro que andava em cima da cama ultimamente. Apagava a luz e esperava adormecer a qualquer momento. isso não aconteceu. Levantou-se e foi aquecer leite e misturou-lhe chocolate. Dizem que o leite é bom para adormecer. A seguir voltou para a cama e não se lembra de adormecer. Sonhou muito, às vezes acordava e voltava a cair no mundo dos sonhos. Passado algum tempo, o despertador tocou e ela obrigou-se a levantar. Quando saiu de casa desejou ser final do dia para poder descansar...estava mortinha para chegar a a casa.