quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Coisas que não quero escrever

Não sei de onde veio esta paranóia com as doenças e de pensar que vou ter morte eminente a qualquer momento. É ridículo. Eu sei. Não quero sentir isto. Isto não é meu. A mente prega-nos com cada partida...talvez não tivesse deixado os antidepressivos..., não sei o que é pior...

Há um ano não sentia isto. Sentia outras inquietações, mas não isto.

Hoje estou especialmente depressiva, cansada e gripada..., são fases do dia...e da noite.

Como as insónias voltaram outra vez, resolvi tomar comprimidos para dormir, as chamadas benzo, assim como se fosse resolver as coisas de repente.

Com elas durmo bem, é quase cronometrado, passado uns 10 minutos apago e nem me lembro, mas no outro dia...a memória que já não é muito boa piora, e vem uma depressão não sei de onde, que me faz não querer fazer nada. Por isso, depois de 3 semanas estou a dizer-lhes adeus, devagarinho. E as insónias neste processo repetem-se.






sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Já há uns meses que não se sentia bem..fisicamente. Começou com um ardor na garganta, no estômago, não tinha vontade de comer,a comida caia-lhe mal. náuseas...foi à médica...tomou uns comprimidos para o estômago. Não passou. Fez mais uns exames, em princípio não tem nada. Ao longo destes meses tem vindo a desenvolver uma espécie de medo de morrer, já sentiu dezenas de sintomas... Há um ano atrás não sentia nada disto...
A ansiedade silenciosa é algo que vai minando...
Aparentemente é uma pessoa calma e equilibrada. Por dentro sente uma espécie de realidade aumentada de sensações e sentires. Há um mês teve um ataque de pânico, a mente dela dizia-lhe que ia acontecer alguma coisa e ela rendeu-se aqueles pensamentos e claro começou-se a sentir mal, muito mal. Passado uns dias foi à médica de família que lhe receitou um antidepressivo para a ansiedade, um tratamento durante uns meses.. tomou durante uns dias, começou-se a sentir/ ou a não se sentir e decidiu parar. Toma já há uns meses um comprimido à noite que a ajuda a adormecer. Se estiver mais ansiosa pode tomar um calmante.

Isto tudo para dizer que decidiu procurar outras alternativas. Começou a fazer psicoterapia, está a gostar,  e realmente há alguns motivos para estar assim. A psicóloga é perspicaz, é bom alguém compreender aquilo que sentimos. Às vezes por mais proximidade que se tenha com a família, não se consegue chegar aí. Às vezes é melhor uma visão mais periférica. Detectou nela um padrão, não criar raízes em lado nenhum. Poder criar raízes, mas optar pelo novo e desconhecido. E tem sido assim, de facto. Já teve algumas oportunidades para ficar, e sente-se abençoada por isso, mas depois é como se ficar não fizesse sentido nenhum. E lá vai ela em busca do sonho e às vezes a arriscar demasiado. Até hoje não se sentiu arrependida em nenhuma das situações, às vezes são as consequências que custam mais. Mas foram todas decisões muito pensadas e que a fizeram chegar a outros lugares.

E como tudo é uma aprendizagem, todas essas vivências não foram em vão, por mais sofrimento às vezes que tenham trazido. Dizem que de x em x anos as pessoas se transformam interiormente. Acho que 2013 é esse ano para mim. Sem dúvida que me sinto muito mais rica.

Sinto-me uma pessoa muito mais espiritual, tenho aprendido algumas coisas interessantes em sessões de meditação, tenho lido coisas que fazem muito sentido para mim neste momento. Não gosto de rótulos, nem de convicções muito vincadas visto que tudo muda, nós e o que está à nossa volta. Não tenho religião nem partido político, como diz o maior autor para mim de escrita portuguesa, um senhor chamado Pedro Paixão, que diz como só ele [um à parte]. Mas ultimamente descobrir o Budismo faz algum sentido para mim. E tudo reside na forma em como vemos o mundo e é sempre bom, vermos as coisas por pessoas e realidades diferentes.

A cultura em que nascemos, crescemos e vivemos condiciona-nos muito mais do que pensamos e realmente olharmos de outras perspectivas chega a ser muito "iluminador", [e isto é escrito com algum humor]. A sociedade vai-nos moldando, na nossa infância, educação não nos é apresentado o sofrimento, embora ele exista. Crescemos a ver filmes  e a ouvir histórias de finais felizes e depois crescemos mesmo a acreditar nisso.

Na minha infância, a única percepção que tive da morte de alguém, foi quando os meus bisavós faleceram. E lembro-me desse dia em que as crianças, eu e os meus primos, andavam a brincar lá fora, á volta da casa, mas não era permitido entrarmos em casa ( onde estava a ser realizado o velório). Não tenho bem a percepção do sofrimento, pois não tive acesso a ele. Lembro-me agora de espreitarmos às janelas, sem sabermos muito bem o que se estava a passar. E não estou com isto a atribuir qualquer tipo de culpa na educação que tive, nada disso. Faz parte. Está intrínseco na nossa cultura e os nossos pais fazem tudo para nos proteger, assim como os pais deles fizeram.

Dou por mim a falar na primeira pessoa do singular e já há algum tempo que me sentia a fazer esta mudança. Falar na primeira pessoa é também assumir-me, despir-me, libertar-me. Uma libertação que só nós podemos fazer. E tudo fica mais simples.


Quando comecei a escrever este " agora testamento" tinha intenção de despejar um pouco de dor, tomar um terno Xanax e anular-me na noite. E esperar pelo amanhã que decerto será mais doce. Mas depois de ter falado de tanta coisa e de nada e ainda  haveria tanto por dizer, já não vou tomar o Xanax porque já não quero apagar. Escrever ajuda na maioria das vezes, liberta. Outras vezes, como tem acontecido nestes últimos meses, escrever pode ser imensamente doloroso, quase dilacerante. E temos que respeitar os nossos próprios tempos.


Neste momento, sinto que já estou a caminho de algo. Já não me sinto tão perdida, tão 'lost in translation'. Na realidade, tenho-me apaixonado por cada recanto desta cidade em que vivo agora e que começo a sentir minha. Sinto-me a enraizar aqui, embora isso não queira dizer que vá ficar por aqui. Mas é um sítio para voltar. Este meu paraíso começa-me a correr no sangue e a apaziguar o coração. Isto junto da pessoa que mais amo, a minha mãe.

Reflicto mais um pouco e realmente esse meu padrão de ficar pouco tempo, de ir passando pelos locais e pelas pessoas foi sempre essa necessidade de tentar preencher um vazio, que desde que me lembro vive em mim. Agora sinto que esse vazio se transformou, ou seja, comecei-me a aperceber que posso mudar de lugar mil vezes e esse vazio vai continuar sempre. Comecei-me a aperceber, e isto é muito recente, que se ficar serena e deixar o exterior fluir, o interior começa-se a transformar. E preencher o vazio deixa de fazer sentido. Nós mudamos interiormente e aquilo que nós vemos também muda. Mas claro, isto não é uma receita e só começa a funcionar quando nos permitimos que tal aconteça. E durante muito muito, muito tempo foquei-me em algo que me parecia certo naquele estado e nem sequer tentei ver de outra perspectiva, pois estava demasiado 'certa' que tinha que preencher aquele vazio.

Todos os dias são uma aprendizagem e é disso que gosto realmente na vida. Sinto-me abençoada por tudo. Um dia de cada vez, um passo atrás do outro e às vezes voltar para trás para poder andar para a frente.

Ando a ler um livro que ofereci à minha mãe há uns anos, por achar que ela sofria muito para dentro e que talvez o livro pudesse ajudá-la a lidar/transformar essa dor. E agora serve também para mim. O livro chama-se A Alquimia da dor (Conselhos budistas para transformar o sofrimento) de Tsering Paldrön.

À primeira vista, não é aquele livro que se retire da prateleira da loja e se leia, pois a dor e o sofrimento são estados que se sentem e se abafam, se guardam, apesar de serem tão comuns. O que vou lendo deste livro faz-me ver as coisas de outra perspectiva. Por vezes centramo-nos tanto em nós próprios que perdemos a visão geral das coisas. E realmente nós somos os outros e estamos aqui só de passagem, e tudo o que acontece é passageiro, e nós apenas damos demasiada importância a coisas que...já passaram. Enfim, estou a aprender muito. Recomendo esta leitura a quem conseguiu chegar até aqui :)


segunda-feira, 29 de julho de 2013

A cidade dela

Cada vez que passeava pela cidade, apetecia-lhe tanto ficar. Isto era tudo estranho para ela, pois nunca sentiu que pertencia a algum lado. Uma das perguntas mais difíceis que lhe podiam fazer, era perguntarem-lhe de onde é que ela era...Era difícil pois nem ela própria sabia. Às vezes respondia o sítio em que nasceu, outras vezes respondia: "por aí", outras vezes, demorava-se mais e falava de alguns sítios por onde tinha passado. Agora sentia-se muito acolhida por esta cidade que a recebe agora. Começava-se a aperceber que esta cidade lhe oferecia tudo. Tinha a família por perto, tinha um ou outro amigo, tinha uma boa médica, que foi uma bênção na vida dela, tinha a natureza à porta de casa, as árvores cheias de folhas verdes e douradas a servirem de cortina de quarto, descendo a rua e mais um pouco tinha o mar, se atravessasse o parque verde e seguisse nessa direcção tinha um porto com dezenas de barcos atracados, uma paisagem de cortar a respiração com a ponte que leva até ao outro lado. E depois eram as pessoas, as pessoas no geral recebiam-na bem. Hoje aconteceu assim mais uma situação que nunca irá esquecer...como há pessoas solidárias, ajudar o outro em troca de nada. Isso é tão especial e raro. Sente-se abençoada por todas estas coisas. Só falta o trabalho. E pela primeira vez deseja que seja aqui.

sábado, 13 de abril de 2013

quase 5 meses


As malas estavam prontas. Uma mais pequena em cima do guarda fatos e outra maior debaixo da cama. Just in case. Sem se aperceber foi acumulando sacos, mochilas e malas de viagem… Espera por uma oportunidade que não chega. Parece que nunca vai chegar. Esta espera ía-a consumindo aos poucos. Ela precisava de sair daqui com urgência. Esta impotência dava cabo dela. Ía-a minando. Ela tentava tudo, já tinha enviado curriculos e respostas para meio mundo…estágios na Europa…candidaturas  para a Dinamarca, Suécia, Bélgica, Holanda, Alemanha, Nova York…Aos 33 anos e depois de 2 licenciaturas era uma frustração constante e passaram 11 anos desde que acabou a primeira e as coisas estavam assim. Apetecia-lhe desaparecer. Sair daqui. Eclipsar-se. Hibernar. Parece que quanto mais tentava, mais as coisas lhe fugiam. Só lhe apetecia chorar. Já não se lembrava da última vez em que tinha sido feliz. Precisava de quebrar este ciclo, este karma…

segunda-feira, 4 de março de 2013

Estas insónias matam-me

Estas insónias matam-me devagarinho, vão minando o meu ser por dentro e por fora. Hoje não dormi, não tomei comprimidos, eles também me matam, se calhar mais. Hoje não tive que ir trabalhar, sair de casa, conduzir, por um lado é um descanso, por outro uma frustração. O dia que está a existir, se não existisse também não fazia falta. Quando estou assim, não me apetece estar aqui. Só vejo sofrimento. Uma noite inteira com a cabeça na almofada e os olhos abertos. Dá-me vontade de chorar. Muito. Dá-me vontade de sair daqui e fazer coisas diferentes, mas não posso. Estou presa a esta espera para ir para outro lado. Isto também me mata. Mais de 10 anos nisto. E eu lutei tanto para qualquer coisa diferente disto. Para quê? Quando durmo qualquer coisa, ainda tenho vontade de fazer coisas que gosto. Mas hoje não. É um desanimo total na alma  no corpo. Continuo a vir aqui em último recurso. Alivia um pouco.
Será que estarei preparada para ir para outro país? Que quero tanto. Penso/pensava que sim e levo este problema atrás e os comprimidos para dormir e depois curo-me? Ou tento curar-me agora. Essa é a resposta mais equilibrada, penso eu. Mas será que eu me posso curar agora. Apetecia-me um vida simples que me esvaziasse a cabeça cheia, a cabeça cheia de sonhos e projectos, e tenho que fazer isto e aquilo, e aprender isto e aquilo, uma forma de não desistir que me consome. É demasiado. Tudo é demasiado. Ultimamente guardo links de sites que depois irei ver e não os vejo, compro livros que não leio, ebooks às dezenas que não leio, tutoriais que não faço. E tudo o que faço que às vezes é muito e onde me supero muitas vezes fazendo um sacrifício maior. Para quê? O fim de semana que passou, apesar das insónias, foi uma lufada de ar fresco. Apanhar aquele vento, aquela areia da praia no face, nos cabelos, no corpo, fez-me sentir viva. Coisa que já não sei bem o que é. O colo da mãe, a tranquilidade da mãe a dizer que as coisas iam melhorar...choro. Porque choro?
Às vezes gostava que pudéssemos apagar as memórias, as mais dolorosas, aquelas que nos fizeram crescer mas que nos prendem a um sítio sombrio.Era tão mais simples. Este bloqueio. Desapertar este nó. Tudo coisas que não interessam, só se sentem.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Já não se lembrava de ver um amanhecer assim há muito tempo. O escuro a ficar claro. A percepção das cores a mudar. O azul claro quase eléctrico a contrastar com o verde das montanhas. Era lindo. Arrebatador. Quase que a desfazia.
Já não vinha aqui há muito tempo. Apesar de muitas vezes lhe apetecer escrever. Despejar pensamentos.
Tomou um comprimido para dormir. São 7h e 14 minutos. Esteve a trabalhar até às 5. Nem se apercebeu. Tem passado horas a fio em frente ao monitor. A trabalhar nos projectos dela. No bichinho que a vai alimentando. Os dias vão passando, às vezes nem se apercebe. Não sai muito. Só o suficiente. Lá fora não há nada para ver. Quase tudo está dentro desta caixinha. Os sítios que quer conhecer. Os países que quer visitar. Continua a enviar currículos e a sonhar com a nova aventura que há-de vir.
Sente as pessoas a despertar, os carros a sair. O mundo a acordar quando o dela está quase a adormecer.
Às vezes pensa nele e pensa em tudo o que viveu durante os dois anos que se passaram. Foi tão intenso e vazio ao mesmo tempo.
Às vezes vivia muito ligada ao passado. Deu por ela a pensar numa noite...há quase oito anos atrás, aqui neste sítio aonde regressou agora. Algumas imagens continuam vivas na cabeça dela. Recorda-se dele sentado na cama a olhar para baixo. A expressão dele, os gestos, a voz. Como se pode viver assim. Há coisas que batem demasiado. Até dói. Quer passar uma borracha. Começar de novo. Começar a viver. Mais. Sem olhar para trás. Sem se lembrar. O mundo interior dela era gigante comparado com o exterior, com o que os outros viam. Ela não se importava com isso. Nunca se importou. Era uma forma de estar. À sua maneira.
Ao mesmo tempo tinha a cabeça cheia de sonhos e objectivos. O que queria fazer. O que quer fazer. Como se o tempo, apesar de muito fosse tão pouco para tanta coisa.
Toca o sino a dizer que são 7 horas e trinta minutos. Aqui ouve-se muito o sino. Isso às vezes aflige-a. Nunca gostou de ouvir os sinos a tocar. Há quem aprecie.Ela não.
Fez-lhe bem escrever um pouco, sente os olhos a ficar cansados. Ela está cansada. Mais cedo ou mais tarde tem de curar isto. Quer fazer acupunctura e regressão. Sabe que isso a pode desbloquear deste desassossego constante. Um dia quem sabe.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

noite de natal

Hoje ninguém falou em ti avô. Todos pensaram muito em ti avô, a noite toda. No fundo toda a gente gritava por dentro de dor. A família dela tinha muita dificuldade em expressar sentimentos, emoções. Era muito difícil um gesto mais. Ela era o contrário, temperamental, de extremos, melodramática às vezes, sentia tudo demasiado e por isso era tão infeliz. Andava numa fase em que chorava muito, nunca chorou tanto assim, às vezes passavam-se meses sem chorar. Agora as lágrimas caiam-lhe em qualquer altura. Hoje bebeu 3 martinis antes do jantar e fumou. Apetecia-lhe beber muito na tentativa de esquecer muito. Hoje falou com a mãe, disse-lhe que ia uns tempos para outro lado. Disse-lhe que o problema estava nela própria, tinha que se afastar. A mãe respondeu-lhe que fizesse o que quisesse, que devia ser mais optimista e acabou a conversa por ali. A mãe dela era uma lutadora, nunca soube ser de outra forma, foi mãe e foi pai. Passou por situações muito difíceis e contou sempre com ela própria e conseguiu ultrapassar tudo com uma vontade de viver enorme e um grande optimismo e porque tinha os filhos que são o mais importante para ela. Nunca teve depressões, nunca se foi abaixo exteriormente. Lá dentro deve ter sofrido muito e ainda deve sofrer, mas não demonstra, nem fala. Isso é tudo muito difícil. Ir ao fundo das coisas é muito difícil, nem sequer se chega lá perto. Ela sente que a mãe está magoada, mas a mãe não diz, ela não sabe. A mãe ignora estas coisas e age como se não se tivesse passado nada e estivesse tudo bem. Era a forma de ela reagir, não reagindo. Era a forma de ela lidar com as coisas, de se proteger. Ela respeitava esta forma de viver da mãe, mas nem sempre a compreendia.
Ela só sabia que tinha que mudar, tinha que quebrar este ciclo dos últimos anos, esta rotina psicológica que dava cabo dela, esta isolamento, ela tinha que parar de ignorar a vida e quebrar isso que a desfazia. Tinha que começar a fazer coisas que deixou de fazer com o passar dos anos.

...

Hoje lembrei-me da primeira vez que fomos ver a casa nova do tio,  o avô fez logo uns reparos acerca dos acabamentos da tijoleira e nós rimos-nos tanto. Avô, o meu irmão tem o teu sentido de humor. E hoje tu estiveste lá connosco. Hoje a avó também fez um reparo no acabamento da toalha de natal que o tio tinha mandado fazer. E a avó fez-me lembrar tanto de ti avô. Apesar de vocês andarem sempre "à turra e à massa", eram tão parecidos, sem saberem. 

Avô, a tua partida sem aviso, continua a ser estranha.Parece que vais aparecer a qualquer momento. No sábado dei uma volta pelo quintal, fui ver as laranjeiras, apanhei uma tangerina. Queria tanto encontrar-te a vir do quintal com as botas cheias de terra e a enxada na mão de algum trabalho que tivesses ido fazer. 

Tenho saudades de me mostrares as melancias e os melões ainda bebés que cresciam rasteiros no quintal. Tenho saudades da tua estufa, que já não está lá. Tenho saudades do dia em que preparaste um vaso com o tomateiro e os morangueiros para eu pôr na varanda da única casa que senti que era minha.

Tenho saudades de irmos apanhar um pinheiro de natal, na carrinha a balançar e aos solavancos no meio das terras e nós a rirmos. eu, tu e a minha mãe.

Tenho saudades da histórias que contavas, da tua alegria contagiante, do teu humor. Era sempre divertido.

Ficam muitas saudades avô, ainda não sabemos lidar com isso.

...

As lágrimas continuam a cair.