sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vissicitudes

Escrever sossegava-a. Normalmente recorria à escrita para a acalmar. O coração estava apertado. Ela escrevia para desafogar. Muitas coisas mudaram. Fisícamente e psicologicamente. Tinha deixado a casa em que vivia e que tinha pensado ser o cantinho dela. Há quase um ano atrás, pensava ter encontrado o espaço dela acompanhado de um emprego que gostava, na altura. Agora tudo isso dava cabo dela. Saiu tudo ao contrário. Mas uma vez não era ali que se ia encontrar. Onde seria? Tinha que continuar a procura. Tem dois meses  para encontrar novo rumo. A paixão passou. Substituiu um amor impossível por outro e isso bastou para mudar de sintonia. Olhava para ele, e já não o via. Isso permitia-lhe o afastamento. Ela estava ali, mas era como se já não estivesse. Nada a prendia aquele sítio. Ela não tinha a calma das pessoas normais. Muitas vezes sentia a vida a fugir-lhe para outros lados. Já nada a prendia ali, a não ser aquelas tarefas rotineiras em busca de um salário no final do mês. Sentia-se presa. Presa a nada e a tudo. Ela tinha os próximos sonhos mais impressos do que nunca e esta era a única maneira possível por agora. Eram as vissicitudes de uma vida de adulto.