terça-feira, 22 de março de 2011

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O fim de semana foi complicado. Há coisas que aparentemente normais, mexem profundamente com ela. Para não estragar a festa, ela entrou no filme...e falou ao telefone com o pai. Já não falavam há 7 ou 8 anos. A voz dele estava imensamente triste, ao contrário, ela falou com ele com tamanho despreendimento, como se ele fosse um estranho que ele é. No dia seguinte, ela começou a sentir o peso na alma daquela farsa toda. Sentiu-se infeliz, chorou. Há feridas que não se deviam abrir. A intenção dela era abrir a alma, desbloquear, perdoar. Mas isso ainda a perturbou mais. Foi pior o remédio que o soneto. Há coisas que devem ficar adormecidas. Doem menos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

rewind III

[10Março2011]
Se há dias em que ela não devia sair de casa, este foi sem dúvida um deles…aqueles dias em que tudo acontece e continua a acontecer safa…que chegue o dia de amanhã. No trabalho, foi asneira sim, asneira não, se ela tivesse um buraco tinha saltado sem hesitar lá para dentro. Às vezes queremos fazer as coisas, termos iniciativa, concretizar e sai tudo ao contrário. Hoje foi daqueles dias em que ela se sentiu frágil, muito frágil, um vento maior e ela partia-se em vidrinhos no meio do chão….No trabalho, é difícil concentrar-se…a história é a mesma, mas começa a mudar. Cada vez mais tem a certeza que é tudo uma ilusão da cabeça dela, hoje ele fê-la sentir-se mal, ele não teve paciência, foi acre, e isso enfraqueceu-a e fortaleceu-a mais.”O amor é um contentamento descontente.”. Ela começa a conseguir lê-lo, agora que começa a pôr em causa o que sente. Ontem…ficou envergonhada…é normal andarem sempre a cruzar-se, ela vai a sair, ele vai a entrar, ela vai ao bar fora de horas, ele está lá, ele vai ao bar fora de horas, ela está lá, ontem conversaram, não é habitual, pois normalmente ficam em silêncio, depois de alguns momentos sem nenhum som, começaram os dois a falar ao mesmo tempo, só para deitar umas palavras fora, coisas sem interesse imediato. A conversa acabou e passado um momento disseram os dois a mesma coisa, ao mesmo tempo. Ela ficou envergonhada e baixou o olhar, corou. Por dentro só lhe apetecia rir às gargalhadas e perguntar “O que é isto?”. Ela sabia que este tipo de coisas não acontecia assim com frequência, mas para quê mais ilusões.

terça-feira, 15 de março de 2011

rewind II

[2Março2011]
Escrever alivia-lhe aquela dor que sente cá dentro. Depois de 5 anos sem ninguém, agora sentia demasiado. Ela pensava nele a toda a hora, como dizia a canção. Era difícil trabalhar perto dele e amá-lo tanto. Ela não podia escolher não sentir. Por vezes, ela encontra sinais nele, mas é provável que seja imaginação dela. Ele é muito difícil de ler. Ela tenta disfarçar ao máximo, muitas vezes ignora-o para não dar nas vistas. Ela ama assim…o corpo faz o contrário do que o coração sente. Às vezes ela sente no silêncio dele, que ele quer dizer alguma coisa, mas ele não diz nada e fica aquela tensão no ar ou não fica nada…Ela já não se sentia assim há muito tempo. Ele é um novo alento na mente dela. Só o mundo dela sabe disto. Todos os dias ela luta contra amá-lo, mas ele já está impresso dentro dela, sem saber…

rewind I

[28Fev2011]
A tensão estava no ar. Ela sentia. Ele sentia. Ela não dizia nada. Ele também não. A tensão continuava no ar. Ela saiu, doía-lhe a barriga, o coração disparava, tinha suores frios. Só havia uma maneira de libertar essa tensão. O desejo contido que estava no ar. Ela não se conseguia concentrar. 

 

Ventos de sorte

Entretanto passou algum tempo, alguns sonhos e  buscas de outrora concretizaram-se. Encontrou o espaço dela, é melhor do que algum dia tinha imaginado. Sente-se feliz com isso. Já dorme melhor.