terça-feira, 25 de dezembro de 2012

noite de natal

Hoje ninguém falou em ti avô. Todos pensaram muito em ti avô, a noite toda. No fundo toda a gente gritava por dentro de dor. A família dela tinha muita dificuldade em expressar sentimentos, emoções. Era muito difícil um gesto mais. Ela era o contrário, temperamental, de extremos, melodramática às vezes, sentia tudo demasiado e por isso era tão infeliz. Andava numa fase em que chorava muito, nunca chorou tanto assim, às vezes passavam-se meses sem chorar. Agora as lágrimas caiam-lhe em qualquer altura. Hoje bebeu 3 martinis antes do jantar e fumou. Apetecia-lhe beber muito na tentativa de esquecer muito. Hoje falou com a mãe, disse-lhe que ia uns tempos para outro lado. Disse-lhe que o problema estava nela própria, tinha que se afastar. A mãe respondeu-lhe que fizesse o que quisesse, que devia ser mais optimista e acabou a conversa por ali. A mãe dela era uma lutadora, nunca soube ser de outra forma, foi mãe e foi pai. Passou por situações muito difíceis e contou sempre com ela própria e conseguiu ultrapassar tudo com uma vontade de viver enorme e um grande optimismo e porque tinha os filhos que são o mais importante para ela. Nunca teve depressões, nunca se foi abaixo exteriormente. Lá dentro deve ter sofrido muito e ainda deve sofrer, mas não demonstra, nem fala. Isso é tudo muito difícil. Ir ao fundo das coisas é muito difícil, nem sequer se chega lá perto. Ela sente que a mãe está magoada, mas a mãe não diz, ela não sabe. A mãe ignora estas coisas e age como se não se tivesse passado nada e estivesse tudo bem. Era a forma de ela reagir, não reagindo. Era a forma de ela lidar com as coisas, de se proteger. Ela respeitava esta forma de viver da mãe, mas nem sempre a compreendia.
Ela só sabia que tinha que mudar, tinha que quebrar este ciclo dos últimos anos, esta rotina psicológica que dava cabo dela, esta isolamento, ela tinha que parar de ignorar a vida e quebrar isso que a desfazia. Tinha que começar a fazer coisas que deixou de fazer com o passar dos anos.

...

Hoje lembrei-me da primeira vez que fomos ver a casa nova do tio,  o avô fez logo uns reparos acerca dos acabamentos da tijoleira e nós rimos-nos tanto. Avô, o meu irmão tem o teu sentido de humor. E hoje tu estiveste lá connosco. Hoje a avó também fez um reparo no acabamento da toalha de natal que o tio tinha mandado fazer. E a avó fez-me lembrar tanto de ti avô. Apesar de vocês andarem sempre "à turra e à massa", eram tão parecidos, sem saberem. 

Avô, a tua partida sem aviso, continua a ser estranha.Parece que vais aparecer a qualquer momento. No sábado dei uma volta pelo quintal, fui ver as laranjeiras, apanhei uma tangerina. Queria tanto encontrar-te a vir do quintal com as botas cheias de terra e a enxada na mão de algum trabalho que tivesses ido fazer. 

Tenho saudades de me mostrares as melancias e os melões ainda bebés que cresciam rasteiros no quintal. Tenho saudades da tua estufa, que já não está lá. Tenho saudades do dia em que preparaste um vaso com o tomateiro e os morangueiros para eu pôr na varanda da única casa que senti que era minha.

Tenho saudades de irmos apanhar um pinheiro de natal, na carrinha a balançar e aos solavancos no meio das terras e nós a rirmos. eu, tu e a minha mãe.

Tenho saudades da histórias que contavas, da tua alegria contagiante, do teu humor. Era sempre divertido.

Ficam muitas saudades avô, ainda não sabemos lidar com isso.

...

As lágrimas continuam a cair.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O ciclo que tinha que acabar acabou. Ela desejava isso há tanto tempo, esse fim. Agora sente-se desamparada até ao próximo emprego. Agora tinha mais tempo para as coisas que gostava, mas não ser independente frustrava-a muito. 
Ultimamente tem pensado muito neste ano que passou e no geral foi um ano que trouxe muita tristeza...ainda está cheio dessa tristeza. Ultimamente tem chorado mais. Ela sabe que é uma pessoa muito abençoada em relação à família. Uma mãe fantástica que a apoia em tudo e sempre e um irmão que se preocupa, mesmo estando menos vezes. É o que ela tem de mais valioso. Ela sabe. Mas sente uma tristeza, uma sensação de estar perdida, de não saber o que fazer e agarra-se como pode aos sonhos dela para não morrer mais. Não sabe bem o que tem, há uma semana que não tem quase apetite nenhum, sente-se estranha. Sente o vazio a corroer por dentro. Às vezes desejava ser como aquelas pessoas que não pensam muito nas coisas, que levam a vida com leveza  e descontracção, aquelas que parecem felizes.Às vezes apetecia-lhe apagar a memória e começar tudo de novo, voltar a descobrir.Este desabafo alivia um pouco.Amanhã será melhor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

De certa forma, sentia que já não fazia sentido continuar aqui. Cada vez isso fazia mais sentido. No final do mês deixa o quarto que foi o seu refúgio, quarto de dormir e das insónias, escritório, atelier, incubadora de sonhos e até onde realizou alguns, como o início a sério da ilustração de moda, com algum tempo, com esse objectivo bem focado. Horas e horas a aprender, praticar, desenhar, pintar, ilustrar. Este último ano foi uma ano e tanto. Realizou bastantes coisas que planeava e sonhava há tanto. Investiu em materiais para utilizar diferentes técnicas, marcadores, aguarelas, guache, tinta da china ( que ainda não experimentou), pastel, carvão, aplicação de outros materiais ( ainda ideias), descobriu livros que já desejava há muito, os básicos para começar e alguns outros para inspirar. Tecidos, bocados de tecidos que conseguia arranjar em promoções, sempre com ideias na cabeça para concretizar. Agora já tinha algumas das ferramentas base, livros que ensinam a fazer, materiais que permitem passar as ideias para o papel e agora um projeto de moda ainda alinhavado na cabeça. Já tem o tecido, almofadas para fazer ombreiras talvez, giz de alfaiate, botões, um fecho invisível, forro e recentemente máquina de costura onde já fez as primeiras experiências, o manequim que se chama allegra.. Este ano foi arrebatador em termos de conhecimento, uma vontade de absorver tudo no menor tempo possível. Aquela sensação que já devia ter começado desde pequena. Este era o sonho dela desde pequena. Costurava para as bonecas, vestia-as. Na altura via as artes como hobby, um prazer. Nunca pensou sequer seguir por essa via. Nunca pensou muito nisso. Simplesmente foi andando ao sabor do vento, foi-se adaptando às circunstâncias e aos acontecimentos naturais da vida. E por qualquer razão que desconhece e que a vai preenchendo cada vez mais, voltou àquela linha invisível que perdeu há muitos anos. Por isso muitas vezes sente que não tem tempo, que o tempo não chega. por outro lado acha o tempo relativo. O que tem que ser será. Neste Verão frequentou um workshop de 1 semana em design de moda  e sentiu-se como nunca se tinha sentido. sentia que pertencia ali. aquilo era ela, fazia parte dela. Sentiu-se como um peixinho na água. Tantos anos....:) Por outro lado sente que vê as coisa de uma forma mais enriquecida. Sabe que se estudasse design de moda aos 18 anos, não iria aproveitar nem metade do que valoriza e aproveita agora. Os significados das coisas, a curiosidade e a visão seriam certamente diferentes.Assim vai conquistando devagar, selecionando, descobrindo pequenas coisas todos os dias. Isso alimenta-a. Agora sentia necessidade de outras vivências.O novelo desenrolou-se mais um pouco e ela tem que seguir a linha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

cozinhar

Há uns anos para cá que cozinhar não lhe dava qualquer prazer. Cozinhava por obrigação. De preferência de forma rápida e fácil. E na maior parte das vezes, o que fazia até saía bem.
Hoje chegou a casa depois do trabalho e comeu qualquer coisa, porque tinha de comer.
Agora fez o jantar, peitos de frango com natas e cogumelos e arroz de forno. Fez uma salada de alface temperada com óleo de girassol, vinagre, sal e sementes de papoila. Amanhã repetia a dose, só variava na salada, salada de tomate temperada com azeite, vinagre, sal e oregãos. O jantar estava feito, mas ela não tinha fome para o comer. Ía esperar um pouco, à espera que a vontade voltasse.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

she is so lost in translation

Uma dor lancinante que a trespassa de uma ponta à outra com uma brutalidade que só o amor tem. Será isto o amor? Esta falta contida, escondida, reprimida que dói. Tanto. Daqui a um mês vai deixar de doer.Tem que deixar. Sentir reciprocidade até na falta dela? Sentir só. Ignorar. Este amor, Isto, enlouquece-a. Mais vale fugir disto a todo o custo.Lacerante. Vai corroendo lentamente. Pica. Espeta. Aperta o músculo que bombeia. Estrangula. O desejo estrangulado. A dor que não passa. O amor que não passa. Porquê? Depois de tantas tentativas, de tantas formas. Esquecer. palavra simples, mas difícil.O amor...Isto. Que rasga. Que mói. Que bate.Corrói. Não deixa viver. Só sofrer. Imagina um beijo dele. Um toque de raspão. Um abraço apertado. Juntar as almas. Ela deseja juntar as almas separadas sem rumo. Sem significado. Dois vultos que vagueiam por aí .Dois fios soltos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Daqui a meia hora o despertador acorda-a. Não dormiu.

insónia

Já não vinha cá desde a última insónia. Este sítio podia-se chamar diário das insónias. Apeteceu-lhe vir aqui entre este tempo. Despejar pensamentos. Tantos. Escreve num documento word codificado. Escreve coisas. Anda com uma indecisão de todo o tamanho. Uma das formas para ultrapassar isso, segundo ela, é não tomar decisões precipitadas. Deixar o tempo passar e as decisões acabam por fazer sentido. De uma forma racional, sim era isso. Se ela conseguia? Não. Para ela já não fazia sentido continuar aqui. A vida e a rotina desagradavam-lhe diariamente. O trabalho ia-se fazendo de uma forma quase letárgica. Ia-se fazendo.Sentia que passava demasiadas horas à frente de uma caixa quadrada. Doía-lhe o pulso e a alma. Às vezes era insuportável, tinha que continuar. Não era um simples capricho. Era uma vontade enorme de tentar que as coisas façam sentido. Continuar. O tempo é pouco e estava a ser desperdiçado. Por outro lado, uma lógica arrebatadora vinha-lhe à cabeça. Pagar as contas e alimentar os sonhos dela. Devagarinho. A enorme crise. O desemprego. A dificuldade em arranjar outro emprego. Arriscar tudo outra vez. Sim, isso alimentava-a vezes sem conta e levava-a à concretização dos sonhos. Ela começa a notar um padrão. Sempre que uma possível oportunidade de assentar surge. Tem um efeito nela de repelente. Como se a quisessem acorrentar a alguma coisa. Este foi o emprego mais duradouro que teve...24 meses daqui a pouco. Para ela internamente é uma vitória. Mas já chega, sabe no que é que vai dar. consegue prever isso. Sabe que não vai levar a lado nenhum. Ela sabe. sabe que a direcção já não é esta. Adora algumas pessoas que conheceu. Nutre por elas um carinho enorme. às vezes sente que o entendimento é tanto, que às vezes é demasiado. As pessoas tratam-na como se ela estivesse ali há bastante tempo. Fala-lhe de pessoas que pensam que ela conhece. Ela não conhece. Ela agradece o carinho que têm com ela. São boa gente. Pessoas que sabe que não vai voltar a encontrar num emprego. Mesmo assim sente que tem que continuar o caminho dela. Dentro dela vai-se despedindo das pessoas. talvez daqui a uns meses já não esteja cá.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

05:19 a.m.

Ela tem tanto para escrever que não consegue escrever nada. Nas últimas semanas as insónias desapareceram, quase não se lembrava delas. Hoje voltaram. Amanhã regressa ao trabalho, que agora parece já uma obrigação. O corpo dela e a mente estão desfasados. Isto não tem qualquer lógica. Há umas horas sentiu o coração a disparar desalmadamente. Conseguia sentir os músculos da máquina a contrairem-se e a distenderem-se, com toda a força.A bater, a bater aceleradamente. Quando tem motivos para dormir menos bem, dorme profundamente. Quando podia dormir profundamente, não dorme. Isto é assim quase há 2 anos, desde que o conheceu. Começa a ficar cansada disto.Acha que isto são sinais para não continuar aqui. Em breve terá que decidir. Ou os ventos decidirão por ela.Sente-se mais completa na cidade onde esteve há uma semana atrás. A confusão e o ritmo acelerado da cidade cansam-na, inspiram-na e alimentam-na. Ela deseja ir para lá, muito. Mas já não se pode aventurar assim. Tem que esperar mais um pouco. É difícil . Se não fossem estas insónias. Amanhã vai andar de rastos. Já sabe o que a espera. Vai sair de casa com vontade de já ser o fim do dia. As coisas são como são.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

in-somnia.para variar..domingo para segunda. mas nem sempre obedece a esse padrão. há pouco olhou o céu. céu fabuloso de uma noite de verão. as estrelas a pulsar no céu azul escuro. viu uma estrela a arrastar-se pelo céu. lindo.magnético. mágico. já era a segunda que via em tão pouco tempo. durante anos não viu nenhuma. se calhar também não contemplou o céu. pequenas coisas que fazem sorrir a alma.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Já não o via há 6 dias. Sentia-se meia perdida, sem ter bem a noção das coisas. Sentia-se meia adoentada. Estupidamente, ele fazia-lhe falta. Ela sentia-o longe. Como se estivesse noutro país, noutra realidade, noutra dimensão. De repente, tem a noção clara da ilusão dela. Da grande ilusão que vivia. Estava mais que na hora de se desprender. Ela tentava. Isto não ia levar a lado nenhum. Só na cabeça dela. É triste. Ela sentia-se prisioneira desse amor não correspondido.Ela precisava de voar daqui.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Hoje o dia foi sem ele. Os próximos dias também. Ela sente falta. A motivação desapareceu. A concentração voltou. Ela pensa nele. Será que ele pensa nela? Ela adiou os sonhos por agora. Ainda não é o  momento. Ela quer deixar fluir. Tudo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ela escreve porque ama. Ela sofre porque ama. Ela sente-se mais viva porque ama. Ele é um gentleman.
Hoje podia ter posto tudo a perder. Mas graças à atitude dele...

Saiu de casa para ver o jogo. Pegou no livro e no casaco e saiu. Ainda não sabia bem onde. Meteu-se no carro e rumou à praia. Queria ver o jogo com pessoas e um sítio calmo. Encontrou esse sítio, uma estrela no mar. Depois começou a senti-lo perto. Ela sentia-o ali, no ar. Com a coragem do mar, enviou-lhe uma msg. Que loucura, pensou ela. What have I done? Ele respondeu. No intervalo, ela, mais uma vez, encheu-se de coragem e foi. O coração acelerado sentia-se nas pedras da calçada. Não sabia o que ía encontrar. Quem mais ia encontrar, mas foi. Olhou lá para dentro e viu-o. Não estava sozinho. Por segundos, pensou em ir embora. Depois pensou, já que tinha chegado até ali, não ia desistir. Entrou, nervosa. Ela conhecia a pessoa que estava com ele. Sentou-se e viu o resto do jogo com eles.No fim do jogo veio embora. Ele é um gentleman. Ela podia ter estragado tudo, uma vez que trabalhavam juntos.

Se ela tinha dúvidas, dissiparam-se. Apesar de ter feito este quase estrago. Ela não queria que as coisas fossem assim, nestas circunstâncias. A namorada também existia mesmo, pareceu-lhe. E ele era Fiel.


Ela nunca tinha encontrado uma pessoa assim, com tantos valores, calma. Ela sabia que não lhe era completamente indiferente. Mas ele era um homem de princípios. Ela admirava-o ainda mais por isso.

De certa forma, o que  (não)  se passou, tranquilizou-a, sossegou-a por dentro.One step at a time and life goes on.

Thank you F.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ela continuava a amá-lo desalmadamente..no silêncio. Era-lhe difícil. Muito.Ele respondia-lhe também em silêncio. Só os pensamentos ficavam no ar. E o amor estrangulado dentro dela. Ela imaginava-se a sair dali e a levar isto com ela. Por outro lado não queria sair dali, porque as pessoas faziam-lhe bem. Ele hoje supostamente estaria de férias. Quando ela o viu no bar pela manhã, iluminou-se. Apesar de o ter ignorado e de ter fugido dele... era a maneira de se magoar menos, pensava ela. De vez em quando quando podia, olhava-o discretamente no silêncio dos outros. E era tão bom olhar para ele. O jeito dele. As expressões. Mal ele sabia.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Pela primeira vez, ele olhou para ela. Para dentro dela, como se procurasse alguma coisa, um sinal talvez. Ela retribuiu timidamente. Ela tinha começado a viver as coisas com mais leveza. O vazio que sentia antes de chegar aqui, já não era tanto. Muitas vezes não se lembrava dele, do vazio. De certa forma completava-se mais aqui, os colegas de trabalho, as amizades, o trabalho aos poucos. Apesar de tudo, sentia que tinha que continuar a perseguir os sonhos, mas às vezes perguntava-se se ainda faziam sentido. Uns dias faziam muito sentido, precisava deles para continuar, noutros dias nem tanto.Hoje sentiu-se muito próxima dele e sentiu-o próximo também. O simples é complicado pelas circunstâncias. Ele hoje falou um pouco dele, dos dele com ela e ela também falou dela, dos dela. Uma conversa que podia continuar noutro sítio qualquer. Era perigoso e ela sabia.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Às 18 horas em ponto saiu do trabalho com a urgência de sair. O dia foi intenso, os dias estão cada vez mais intensos...dele. Se o visse mais uma vez talvez não aguentasse. É como se estivesse fora do corpo dela, parece que anda drogada de amor. Não se consegue concentrar, passa o tempo todo a pensar nele. Ouve a voz dele ali ao lado, ama cada som. Demasiado doloroso. Não sabe o que há-de fazer, é difícil. Todos os dias são difíceis.  Precisa de acalmar isto e não sabe como. Precisa de uma nova paixão.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Depois de uma noite em claro e de um dia sem sentido, rumou ao mar à procurar de respostas.

"Caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
a terra estende-se infinita nos teus passos
ao passares o horizonte serás o último
e partindo de mim avanças


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
onde o lugar das palavras que esquecemos? se o nosso mapa foi o sol e as manhãs 
onde foi que nos perdemos?


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
como um martírio triste como um homem cansado
como a morte ao fim da tarde como um rio
como um silêncio profundo a levar-te


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
começam hoje os dias os meses os anos depois de ti
começa hoje a ser recordação apenas o quanto vivi
e partindo de mim avanças (...)"


Tens que partir de mim, é urgente.

"fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
eu sei exactamente o que é o amor. o amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte
de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer."


Deixa-me ir de ti. Liberta-me, é urgente.

"(...) porque eu acordarei nos teus braços e não direi
 nem uma única palavra, nem o princípio de uma palavra, para não [estragar
a perfeição da felicidade.


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando te imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
 era a tua pele.antes de te conhecer, existirás nas árvores 
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.(...)"


José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas

Peço-te, imploro-te, liberta-me.

Já não conseguia dar mais voltas na cama. Apesar de não ter dormido nada, às 6 e pouco da manhã levantou a persiana e deixou entrar a luz. Se tivesse um cigarro , fumava a ver o amanhecer. Isto enlouquecia-a ' so to speak'. Depois de tomar ansiolíticos durante o dia e à noite, depois de um duche antes de dormir, depois de ter visto 2 episódios de Touch, depois de ter ido ler para a cozinha às 5 da manhã, depois de ter bebido leite reconfortante, depois de ter escrito...Nada. Esta inquietude do amor dava cabo dela. Não era o trabalho que a inquietava, era o amor. Depois de ter passado 1 ano e 7 meses, o sentimento tendia a aumentar cada vez mais, apesar de todos os esforços em contrário. Estranhamente, sentia o amor cada vez mais perto dela, apesar de ser totalmente e aparentemente não correspondido. Cada vez estava mais intenso, cada vez desejava mais abracá-lo, beijá-lo, abraçá-lo com força, senti-lo junto dela. E cada vez tinha que ignorar mais isso. Às vezes, passava-lhe pela cabeça sair daqui, para não sofrer assim todos os dias.Afastar-se, talvez esquecer. Longe da vista, longe do coração.
Mais uma noite de domingo em branco...

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que ela sentia e não podia dizer...

“Estás tão giro.” ou “Essa camisa vermelha fica-te bem.”...coisas que lhe apeteciam dizer, sem maldade, só constatar que ele estava lindo (era) aos olhos dela e que aquela camisa vermelha aos quadrados lhe ficava maravilhosamente bem. Discretamente olhava para ele...lindo. Que tortura estes sentires desordenados. Nada a fazer. A não ser esperar que passe esta inquietude do amor. 

Mas porquê que ela não o conseguia esquecer....(
dammit

terça-feira, 22 de maio de 2012

As lágrimas ainda estão presas e a aquela sensação na garganta continua. Num bocadinho sonhou tanto, viveu tanto. Sei lá, a vida tem destas coisas. E umas coisas juntam-se às outras e fica-se a pensar....
Coisas que aconteceram:
#1  - Escreveu a alguém do passado a contar notícias e a perguntar por notícias. As notícias vieram, mudanças  boas nas pessoas que um dia conheceu e ainda se lembra.
#2 - A opinião de uma pessoa que também é importante para ela e que a desiludiu ou lhe abriu os olhos.

Chegou a casa e pesquisou o blog de uma dessas pessoas, que já há muito tempo não via. Através desse blog, chegou a outro maravilhoso. Ela conhecia essa pessoa, mas não a conhecia. As pessoas por fora são uma coisa, por dentro são outra. Ficou agarrada aquela aventura umas 3 horas, esqueceu-se de comer..absorvia cada palavra. As vidas felizes das outras pessoas sempre a intrigaram. Ela nunca se imaginou assim, ela era diferente e sabia disso. Há coisas simples, que simplesmente não estão ao alcance de todos.Mas vivia bem com isso. Habituou-se. Mas às vezes sentia falta das outras coisas.
Primeiro, não ligava a pessoa àquele tipo de exposição online, era uma pessoa séria e reservada na visão dela, quando a conheceu. No espaço branco virtual conheceu outra pessoa, com uma energia muito boa, palavras simples de felicidade, de agradecimento das coisas mais simples, de um amor amigo, de um respeito, e duas almas gémeas, de um filho gerado desse amor. Comoveu-se, adorou conhecer essas pessoas, essa família feliz que vive numa casinha pequena encantadora rodeada de amor.Obrigada.

Não conseguiu  deixar de projectar tudo aquilo para ela. De repente sentiu que ainda não tinha sentido...viu-se em frente a um monitor e viu a casa vazia. Sentiu solidão. Sentiu que tinha muito amor para dar. Ela não seguia o caminho normal. Nunca seguiu. Preferiu sempre deixar-se levar pelo vento, ir vivendo e depois escolhendo. A experimentar sem nunca ficar.Por outro lado gostava de ler sobre estas pessoas felizes, sabia que isso não era para ela.Ao mesmo tempo sentia-se abençoada por tudo o que tinha. Tinha medo de ter tudo, a balança podia ficar desequilibrada. Estava bem assim, como está.




segunda-feira, 21 de maio de 2012

4:36

3 horas e meia a tentar dormir. Decidiu não tomar nada. Chega. Se não dormir. Vai sem dormir e depois repõe o sono. Não sabe porque é que acontece. A natação ajudou temporariamente, mas está a voltar. Terapia por hipnose. Talvez.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Todo o amor num abraço

Ele passou por ela com um ar triste e encolheu os ombros. Apeteceu-lhe dizer: "Não faças esse ar tão triste, senão agarro-te e abraço-te com força."

segunda-feira, 30 de abril de 2012


Havia tanta a coisa a dizer
Se não fosse dizer demais
O silêncio de saber e não fazer
O silêncio de sentir e calar
Absorver e colar num sítio onde ninguém vê.
Ou esperar que passe, o que não passa.
Aparentemente não faz mal a ninguém.
Por dentro corroi, estrangula.
É alimentada por nada.
E sobrevive.
Angústia.
Insónia.
Inquietude.
Vontade de gritar.
De tirar isto de dentro.
Que consome hoje mais forte.
Uma tristeza de saudade.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

desabafos de um final de dia. why not?

Ela hoje teve a certeza .....that...he doesn't get  a clue!!! Incrível, esta confirmação vai contra tudo o que ela sentia, pressentia e achava que era. Ela pensava que ele sabia, dava-lhe a sensação que sim. Mas hoje, realmente, viu que não. Era tudo uma ilusão e fruto da imaginação dela...os sinais. Sim, a C. existe mesmo e não é a irmã dele. e pelos vistos somos parecidas em algumas coisas. Ele disse aquilo com tanta naturalidade, que disse tudo. Realmente, os homens pensam de forma muito diferente das mulheres. Aquilo que eu pensava que ele sabia, ele não faz a mínima. Está mesmo longe.Ela fazia tudo por ele, ajudava-o e gostava muito de o ajudar. Ele tinha também uma certa estima por ela, até uma certa preocupação, como se fosse uma irmã mais nova. Era isso, ironia do destino. Isn't it?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

menos é mais

Hoje dormiu bem. Doía-lhe a cabeça. O F. faz anos. Beijou-o na face. Há um ano atrás. Estava aqui neste local a trabalhar. O que é estranho acontecer. O F. fez anos. Convidou os amigos para ir tomar um copo depois do trabalho. Os colegas foram. Nessa noite tinha dormido muito pouco.., lembra-se. bebeu duas minis e ficou alegre.Foi para a casa de chocolate, que pensava ser a casa dos seus sonhos, na altura. Foi, mas com vontade de ficar. Estava alegre e meia desconectada de tudo, bebeu outra mini. Escreveu uma msg e esteve indecisa em enviar ou não. Enviou a mensagem. Ele nunca respondeu. Hoje o F. faz anos. Beijou-o na face. Não o viu quase mais. Está num quarto que não é dela, mas que também não queria que fosse, não tem televisão, mas não faz mal. Ainda assim, pensa ser mais feliz hoje que no ano passado. Saber que tem liberdade e que tem a  família que ama, basta-lhe. Alguns amigos, poucos.Os sonhos também. Tudo o resto é acessório.Ouve Adriana Calcanhoto. Álbum Perfil. Música 07-O outro.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Diário das minhas insónias

Lembra-se do último post. Foi há uma semana atrás nas mesmas circunstâncias. No day after foi trabalhar. Foi difícil. Sobreviveu. Nas noites seguintes dormiu bem, sem ajudas. Weird, isn't it? Hoje a história repete-se. Este blog devia-se chamar diário das minhas insónias.
Pela primeira vez durante uma insónia, ela levanta-se, senta-se na secretária e escreve. Depois talvez vá desenhar qualquer coisa para chamar o sono. Normalmente ela sente-se exausta e apesar de não conseguir dormir não consegue sair da cama, tal é o cansaço. Vai mudando de táctica, vai testando coisas diferentes, um dia ela vai conseguir superar isto. Talvez quando sair daqui e deixar de vê-lo. Amar pode ser um acto de liberdade, mas também pode ser uma prisão.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

6:02 em primeira pessoa

A tentar dormir desde a 1h. Neste momento só lhe  apetece dizer asneiras mentalmente e ao mesmo tempo ficar imóvel a olhar para nada com o olhos doridos. Mas porquê que ela não foi à piscina a semana passada...Isto porque desde que começou a ir à piscina, tem dormido melhor, já há 3 semanas que não toma medicação regularmente. Tem conseguido dormir bem. Mas hoje está com uma inquietude e crises de ansiedade brutais. Não sabe se vai conseguir ir trabalhar...logo se vê. Já não era a primeira vez.
Pôs na cabeça que não quer tomar mais os comprimidos que a deixam sem reacção. A mente tem um poder muito grande.

Desde a última vez que escreveu, algumas coisas se passaram, a realidade de ter um site onde mostrar os trabalhos de ilustração está quase a acontecer. Agora falta praticar, praticar, praticar. Investe quase o tempo todo durante a semana nisto . Faz parte do sonho que quer seguir, é o início. É preciso continuar. Talvez sair daqui. Esquecer o F. de vez. Longe da vista, longe do coração.

São 6:15. O despertador toca às 7:50.

segunda-feira, 12 de março de 2012

#FACTOS

#FACTO 1 - Estava a ficar viciada em chocolate.Chegou a casa e comeu um mini chocolate com amendoim (era o 2~hoje...), pôs o leite a aquecer no microondas para depois o encher de colheradas de chocolate em pó, e enquanto esperava que o leite aquecesse, comeu outro mini chocolate. três hoje.

#FACTO 2 - Os dias estão maiores. São 19 horas e ela está quase às escuras, mas a apreciar a última luz do dia. Ela adora fins de dia.

#FACTO 3 - Ela já quase não o vê, apesar de ele trabalhar na sala ao lado. Ela anda cheia de trabalho, às vezes faz as pausas fora de horas, mas já não o encontra. Hoje viu-o de relance há hora de almoço e quando saiu, passou por ele e ganhou o dia, apesar de fantasiar que o abraçava. Foi só um até amanhã sem sorriso e com pena de ter que esperar pelo dia seguinte.Hoje quase não ouviu a voz dele. Ela sentiu-o mais longe, pois ela própria também se sentia a ficar mais longe, estava a mudar lentamente de direcção, devagarinho, estava a ir de encontro aos sonhos dela, e ele não fazia parte, nem este mundo. Ultimamente dormia muito mal, esta situação piora de dia para dia. No fim de semana adormece como é natural adormecer. Chega a domingo à noite e as insónias começam, toma o comprimido diário,lá para as tantas da manhã como não consegue dormir toma mais meio e isso vai anestesiá-la completamente no day after. Hoje o dia passou e ela quase não se apercebeu. Agora já está a voltar a ela. Mas daqui a pouco repete a dose.



#ENTRE FACTOS: O leite com chocolate estava delicioso, quase que a preenchia.

#FACTO 4 - Já é praticamente de noite, ela escreve às escuras, à luz do monitor. É um facto.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Causas (im)prováveis

Era difícil tentar perceber porque é que ela só tinha insónias há semana. De domingo para segunda quase não dormia, com comprimidos. Sem comprimidos, não dormia. O resto da semana dormia mal.. Chegava ao fim de semana e dormia maravilhosamente. As insónias dela começaram quando o conheceu, já duram há 1 ano e quase 4 meses.Apaixonou-se passado um segundo de o conhecer, ele intimidou-a, ela ficou ruborizada, só dizia parvoíces quando falava com ele. Ela pensava muito nele, bastante. Durante este tempo, primeiro teve esperança, depois tentou esquecê-lo, depois tentou negar o que sentia, depois deixou isso e continuou, não conseguiu esquecê-lo. Isso às vezes transtornava-a. Não conseguia não imaginar como seria abraçá-lo, beijá-lo, tocá-lo. Ela deseja-o muito. No início, quando foi trabalhar para aquele sítio, foi ao médico do trabalho. Ele detectou o coração acelerado ( ela riu por dentro quando isso aconteceu, pois sentia que o coração dela estava assim por causa dele). Fez exames à pequena máquina e estava tudo bem. Mas o coração dela continua a disparar constantemente. Talvez seja isso que não a deixa dormir.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Insónia + + +

Depois passar aquela fase entre o "Estou quase a adormecer" para o "Será que vou adormecer?", o coração disparou e acordou. Depois de 3 meias doses de sedoxil, nada. ataque de ansiedade puro e duro. Agora percebo porque é que as pessoas às vezes morrem da medicação. É desesperante, cada minuto é um tormento...e um comprimido é uma esperança.
No geral tem andado bem ultimamente, dormido bem com meio sedoxil todas as noites. No fim de semana não precisa de tomar  e dorme como uma princesa. Tem a ver com o acordar cedo. Ela não sabe bem porquê. Hoje foi nadar, já não o  fazia há muitos anos, há uma eternidade. Cansou-se até não poder mais...Escreveu.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sei lá

Precisava de escrever. Cortou com os comprimidos que a deprimiam até às entranhas. Se não a faziam dormir, what's the point? No dia a seguir, a depressão passou e voltou a ser ela. Ela era mesmo assim, não era daquelas pessoas efusivas e extrovertidas. Normalmente não falava muito, mas quando conhecia bem as pessoas ou estava para aí virada era capaz de falar pelos cotovelos. A vontade de desenhar voltou. Continua sem conseguir dormir, mas voltou aos comprimidos que a faziam dormir, mas que cortam a reacção no day after. Era melhor assim do que não dormir. Como diz um escritor que adnira muito, Do mal o menos.
Mas hoje apeteceu-lhe escrever por duas razões. A primeira foi ter paralisado quando falava com ele, só conseguia olhar para ele, as palavras não lhe saiam, ele olhava para ela, ela olhava para ele e bloqueava. Sentiu-se ridícula depois e riu muito por dentro. A segunda razão não tem nada de feliz, a tristeza da perda de alguém, saber que alguém que conhecemos estará devastado de dor com a perda de uma parte dele. A vida é uma estupidez.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Emoções sem-com

Estas últimas duas semanas apesar de, no geral, serem positivas. Apesar de ela não conseguir ver isso neste momento, foram de certa forma intermináveis. Sim, descansa mais, sente-se, quase pela primeira vez, sozinha, e ela que é uma pessoa que sabe, gosta e está habituada a estar sozinha. Desde que começou a tomar os comprimidos para dormir, e que não a  fazem dormir, deixam-na num estado de...depressão profunda, agora sabe o que isso é, enjoada, mal-humorada, sem paciência, a pensar..., tudo perde sentido. Sim, o corpo tem que se habituar a este tipo de medicação, mas. Gostava de fazer como o outro senhor que também não conseguia dormir e foi para uma clínica de sono e dormiu uns dias seguidos e depois voltou OK. Se fosse assim...Às vezes põe-se a pensar como é que uma coisa tão simples, como dormir, pode ser tão difícil e doloroso. Há dias em que nem pode olhar para a cama. Vazio e tristeza é o que sente, já nem consegue fazer um esforço para disfarçar...espera que o karma na próxima vida seja mais leve.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

(re)começo talvez

Recorda-se que a última vez que escreveu foi para variar a meio de uma insónia e já a chegar ao limite dos limites. Nessa noite não dormiu,conduziu uma hora e tal até ao trabalho e conseguiu ao final da tarde chegar bem a casa. Arriscou muito nesse dia. Desde então, algumas coisas mudaram. já não faz as viagens intermináveis há uma semana. Sente que tem mais energia. Foi ao médico, neste caso, à médica. Tinha uma médica nova, que queria curá-la,descobrir o problema dela. Pela primeira vez, alguém se interessava em descobrir a sombra que a perturba. Agora, toma uns comprimidos para modular o sono e para a tornar mais feliz. Ela sempre fora uma rapariga pacata, na dela, com um mundo interior maior que o exterior. Mas agora sentia-se desinteressada. As coisas já não lhe interessavam tanto. Muitas vezes tinha que fazer um esforço, obrigar-se a sair de casa às vezes, a não deixar de fazer as coisas. Andava assim, tinha perdido o interesse pelas coisas e isso preocupava-a, sentia-se a morrer lentamente. 4 meses e tal de cansaço extremo consumiram-na, foi como se a energia dela estivesse quase sempre no vermelho. Fisicamente e psicologicamente esgotante. Hoje perguntava-se como tinha aguentado aquelas viagens sem fim todos os dias, duas vezes ao dia. Às vezes, há coisas que nos movem e não sabemos de onde vêm. Aprendeu a lição. Quase que ía dando cabo da vida. Ainda não sabe sevai conseguir recuperar. Uns dias pensa que sim. Que isto ainda vai valer a pena, outros não. Já dormia melhor, pelo menos na maioria dos dias. Ontem não conseguiu dormir, tomou o comprimido SOS, não sabe se dormiu 1 ou 2 horas ou 20 minutos. Não viu as horas, pois isso causava-lhe mais ansiedade. Hoje não sabe se vai conseguir dormir, também não lhe interessava...Ela pensava que no dia em que deixasse de se preocupar, que se tinha perdido. Se calhar era o contrário, ela precisava de se deixar de preocupar, de pensar em tudo, de fazer planos de imaginar, de tudo o que lhe enchia a cabeça de tudo e nada, do futuro, que vem lnge , mas que ela vivia diariamente.
Ela precisava muito de ter escrito isto, fica mais leve depois de despejar a alma.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Isto não podia continuar assim. Estava no limite. Todos os planos que tinha vindo a fazer começam a desintegrar-se lentamente. Já não pratica a ilustração há mais de um mês. não tem vontade, nem tempo, nem cabeça para o sonho dela. O que é que se estava a passar? Tudo perdia sentido. Eram as coisas normais da vida e para ela eram só impedimentos. 5 da manhã. 2 horas para acordar. Sentia a vida a escapar-lhe lentamente. Já não parecia ela. A pele esbatida, o cabelo sem brilho, olheiras e despersonalização.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Nessa noite não conseguiu dormir. Não conseguiu ir trabalhar.
Hoje a história repete-se, apesar do grande cansaço, e quase a adormecer, o coração disparou, uma ansiedade brutal saida não sei de onde. Frio, calor, suores, dores de barriga. Decidiu não tomar nada. Estava farta de andar sem energia e dopada  no day after. Perdia aos poucos a vontade de ir trabalhar.Quando dormia bem,  até andava bem disposta. Quando não dormia, a vida custava-lhe muito. Eram quase 4 da manhã, ela levantava-se daqui a 3 horas e uma viagem de hora e tal. Ela pensa que não vai conseguir. Mais um dia perdido. Tudo isto porque ela vivia o futuro intensamente.