quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ela escreve porque ama. Ela sofre porque ama. Ela sente-se mais viva porque ama. Ele é um gentleman.
Hoje podia ter posto tudo a perder. Mas graças à atitude dele...

Saiu de casa para ver o jogo. Pegou no livro e no casaco e saiu. Ainda não sabia bem onde. Meteu-se no carro e rumou à praia. Queria ver o jogo com pessoas e um sítio calmo. Encontrou esse sítio, uma estrela no mar. Depois começou a senti-lo perto. Ela sentia-o ali, no ar. Com a coragem do mar, enviou-lhe uma msg. Que loucura, pensou ela. What have I done? Ele respondeu. No intervalo, ela, mais uma vez, encheu-se de coragem e foi. O coração acelerado sentia-se nas pedras da calçada. Não sabia o que ía encontrar. Quem mais ia encontrar, mas foi. Olhou lá para dentro e viu-o. Não estava sozinho. Por segundos, pensou em ir embora. Depois pensou, já que tinha chegado até ali, não ia desistir. Entrou, nervosa. Ela conhecia a pessoa que estava com ele. Sentou-se e viu o resto do jogo com eles.No fim do jogo veio embora. Ele é um gentleman. Ela podia ter estragado tudo, uma vez que trabalhavam juntos.

Se ela tinha dúvidas, dissiparam-se. Apesar de ter feito este quase estrago. Ela não queria que as coisas fossem assim, nestas circunstâncias. A namorada também existia mesmo, pareceu-lhe. E ele era Fiel.


Ela nunca tinha encontrado uma pessoa assim, com tantos valores, calma. Ela sabia que não lhe era completamente indiferente. Mas ele era um homem de princípios. Ela admirava-o ainda mais por isso.

De certa forma, o que  (não)  se passou, tranquilizou-a, sossegou-a por dentro.One step at a time and life goes on.

Thank you F.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ela continuava a amá-lo desalmadamente..no silêncio. Era-lhe difícil. Muito.Ele respondia-lhe também em silêncio. Só os pensamentos ficavam no ar. E o amor estrangulado dentro dela. Ela imaginava-se a sair dali e a levar isto com ela. Por outro lado não queria sair dali, porque as pessoas faziam-lhe bem. Ele hoje supostamente estaria de férias. Quando ela o viu no bar pela manhã, iluminou-se. Apesar de o ter ignorado e de ter fugido dele... era a maneira de se magoar menos, pensava ela. De vez em quando quando podia, olhava-o discretamente no silêncio dos outros. E era tão bom olhar para ele. O jeito dele. As expressões. Mal ele sabia.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Pela primeira vez, ele olhou para ela. Para dentro dela, como se procurasse alguma coisa, um sinal talvez. Ela retribuiu timidamente. Ela tinha começado a viver as coisas com mais leveza. O vazio que sentia antes de chegar aqui, já não era tanto. Muitas vezes não se lembrava dele, do vazio. De certa forma completava-se mais aqui, os colegas de trabalho, as amizades, o trabalho aos poucos. Apesar de tudo, sentia que tinha que continuar a perseguir os sonhos, mas às vezes perguntava-se se ainda faziam sentido. Uns dias faziam muito sentido, precisava deles para continuar, noutros dias nem tanto.Hoje sentiu-se muito próxima dele e sentiu-o próximo também. O simples é complicado pelas circunstâncias. Ele hoje falou um pouco dele, dos dele com ela e ela também falou dela, dos dela. Uma conversa que podia continuar noutro sítio qualquer. Era perigoso e ela sabia.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Às 18 horas em ponto saiu do trabalho com a urgência de sair. O dia foi intenso, os dias estão cada vez mais intensos...dele. Se o visse mais uma vez talvez não aguentasse. É como se estivesse fora do corpo dela, parece que anda drogada de amor. Não se consegue concentrar, passa o tempo todo a pensar nele. Ouve a voz dele ali ao lado, ama cada som. Demasiado doloroso. Não sabe o que há-de fazer, é difícil. Todos os dias são difíceis.  Precisa de acalmar isto e não sabe como. Precisa de uma nova paixão.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Depois de uma noite em claro e de um dia sem sentido, rumou ao mar à procurar de respostas.

"Caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
a terra estende-se infinita nos teus passos
ao passares o horizonte serás o último
e partindo de mim avanças


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
onde o lugar das palavras que esquecemos? se o nosso mapa foi o sol e as manhãs 
onde foi que nos perdemos?


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
como um martírio triste como um homem cansado
como a morte ao fim da tarde como um rio
como um silêncio profundo a levar-te


caminha pelo teu corpo um silêncio como uma aragem
começam hoje os dias os meses os anos depois de ti
começa hoje a ser recordação apenas o quanto vivi
e partindo de mim avanças (...)"


Tens que partir de mim, é urgente.

"fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
eu sei exactamente o que é o amor. o amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte
de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer."


Deixa-me ir de ti. Liberta-me, é urgente.

"(...) porque eu acordarei nos teus braços e não direi
 nem uma única palavra, nem o princípio de uma palavra, para não [estragar
a perfeição da felicidade.


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando te imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
 era a tua pele.antes de te conhecer, existirás nas árvores 
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.(...)"


José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas

Peço-te, imploro-te, liberta-me.

Já não conseguia dar mais voltas na cama. Apesar de não ter dormido nada, às 6 e pouco da manhã levantou a persiana e deixou entrar a luz. Se tivesse um cigarro , fumava a ver o amanhecer. Isto enlouquecia-a ' so to speak'. Depois de tomar ansiolíticos durante o dia e à noite, depois de um duche antes de dormir, depois de ter visto 2 episódios de Touch, depois de ter ido ler para a cozinha às 5 da manhã, depois de ter bebido leite reconfortante, depois de ter escrito...Nada. Esta inquietude do amor dava cabo dela. Não era o trabalho que a inquietava, era o amor. Depois de ter passado 1 ano e 7 meses, o sentimento tendia a aumentar cada vez mais, apesar de todos os esforços em contrário. Estranhamente, sentia o amor cada vez mais perto dela, apesar de ser totalmente e aparentemente não correspondido. Cada vez estava mais intenso, cada vez desejava mais abracá-lo, beijá-lo, abraçá-lo com força, senti-lo junto dela. E cada vez tinha que ignorar mais isso. Às vezes, passava-lhe pela cabeça sair daqui, para não sofrer assim todos os dias.Afastar-se, talvez esquecer. Longe da vista, longe do coração.
Mais uma noite de domingo em branco...