terça-feira, 11 de setembro de 2012

Daqui a meia hora o despertador acorda-a. Não dormiu.

insónia

Já não vinha cá desde a última insónia. Este sítio podia-se chamar diário das insónias. Apeteceu-lhe vir aqui entre este tempo. Despejar pensamentos. Tantos. Escreve num documento word codificado. Escreve coisas. Anda com uma indecisão de todo o tamanho. Uma das formas para ultrapassar isso, segundo ela, é não tomar decisões precipitadas. Deixar o tempo passar e as decisões acabam por fazer sentido. De uma forma racional, sim era isso. Se ela conseguia? Não. Para ela já não fazia sentido continuar aqui. A vida e a rotina desagradavam-lhe diariamente. O trabalho ia-se fazendo de uma forma quase letárgica. Ia-se fazendo.Sentia que passava demasiadas horas à frente de uma caixa quadrada. Doía-lhe o pulso e a alma. Às vezes era insuportável, tinha que continuar. Não era um simples capricho. Era uma vontade enorme de tentar que as coisas façam sentido. Continuar. O tempo é pouco e estava a ser desperdiçado. Por outro lado, uma lógica arrebatadora vinha-lhe à cabeça. Pagar as contas e alimentar os sonhos dela. Devagarinho. A enorme crise. O desemprego. A dificuldade em arranjar outro emprego. Arriscar tudo outra vez. Sim, isso alimentava-a vezes sem conta e levava-a à concretização dos sonhos. Ela começa a notar um padrão. Sempre que uma possível oportunidade de assentar surge. Tem um efeito nela de repelente. Como se a quisessem acorrentar a alguma coisa. Este foi o emprego mais duradouro que teve...24 meses daqui a pouco. Para ela internamente é uma vitória. Mas já chega, sabe no que é que vai dar. consegue prever isso. Sabe que não vai levar a lado nenhum. Ela sabe. sabe que a direcção já não é esta. Adora algumas pessoas que conheceu. Nutre por elas um carinho enorme. às vezes sente que o entendimento é tanto, que às vezes é demasiado. As pessoas tratam-na como se ela estivesse ali há bastante tempo. Fala-lhe de pessoas que pensam que ela conhece. Ela não conhece. Ela agradece o carinho que têm com ela. São boa gente. Pessoas que sabe que não vai voltar a encontrar num emprego. Mesmo assim sente que tem que continuar o caminho dela. Dentro dela vai-se despedindo das pessoas. talvez daqui a uns meses já não esteja cá.